Foi um sucesso a abertura da 8a. edição do Festival Visões Periféricas ontem (terça, 12/08) no Oi Futuro, em Ipanema.  Diversos cineastas e atores  foram prestigiar o festival e a atriz homenageada Léa Garcia. Milton Gonçalves, Luiz Carlos Vasconcelos, Chico Diaz, além de Miriam Pérsia, Délcio Marinho e Fábio Mateus, diretor do Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro, não economizaram elogios à atriz. “A Léa é uma pessoa muito especial e querida”, disse Fábio Mateus. “Uma líder, uma deusa, uma santa, nossa guia”, completou Diaz, que participou do corpo de jurados. Joel Zito Araújo, diretor de As filhas do Vento (2004), fez questão de abraçar a atriz. Este foi o filme que deu a ela seu primeiro Kikito.

A sessão de abertura foi transmitida pela internet, ação nunca realizada em um festival brasileiro. Marcio Blanco e Karine Muller, idealizadores e coordenadores do Visões Periféricas ressaltaram a beleza dos filmes que participam do Festival. “Eles carregam uma linda particularidade: são feitos por pessoas corajosas, que produzem com baixo orçamento, e que em muitos casos vivem aquela realidade exibida no filme que fizeram. Que com orgulho mostram o lugar onde vivem, com sensibilidade retratam um personagem do seu convívio, e com coragem expõem as questões sociais de nosso país,” frisou Marcio.

O gerente de Cultura do Oi Futuro, Victor D’Almeida, ressaltou a identificação entre os conceitos que orientam a instituição e o Festival: educação, tecnologia e audiovisual. “É uma alegria encontrar parceiros que comunguem de maneira tão exemplar esses conceitos e que espalhem essa proposta pela cidade, muito além do Oi Futuro”, acrescentou.


Foram exibidos os filmes Acalanto, do diretor maranhense Arturo Saboya, com Léa e Luiz Carlos Vasconcelos no elenco. O curta foi indicado ao Festival de Cannes em 2013 e no mesmo ano levou nada menos do que seis Kikitos em Gramado, incluindo melhor filme e melhor atriz, para Léa Garcia. Em seguida o público conheceu o inédito Brasil, de Aly Muritiba, realizado durante as manifestações de julho de 2013. O ator Lucas Santos recitou um poema sobre a realidade tratada no filme.

Protagonista do curta Acalanto, o ator Luiz Carlos Vasconcelos, que representou o diretor Arturo Saboya na cerimônia de abertura, disse que trabalhar com o diretor no Maranhão foi uma experiência muito delicada, pela forma apaixonada como ele adaptou o conto original, “A Carta”, de Mia Couto. “Foi a primeira vez que eu trabalhei com D. Léa, foi tudo muito especial e prazeroso, tanto no fazer como no contemplar. O filme é muito sensível”, opinou.

A curadoria, composta pelo produtor André Sandino, o diretor Emilio Domingos e o idealizador e organizador do Festival, Marcio Blanco, teve muito trabalho para selecionar os 94 filmes que serão exibidos até domingo. “Foram mais de 500 inscrições com um nível bem alto. Foi doloroso escolher porque a gente se coloca no lugar do realizador e gostaria de ter uma janela mais ampla para selecionar talvez o dobro de filmes”, comentou Emilio. “E se foi difícil de escolher é porque os filmes são mesmo muito bons. Sem dúvida a melhor safra dos últimos cinco ou seis anos”, completou Sandino.

Chico Diaz avaliou 16 filmes e considerou o material interessantíssimo. “São olhares de várias regiões, com várias texturas, várias formas de mostrar as ideias, e sempre com uma carga humana muito expressiva”, disse. Luiz Carlos Vasconcelos observou que quando se fala de periferia, logo se pensa em um recorte. “Na verdade, o que o Festival faz é o inverso de disso: é a oportunidade de ampliar o olhar, a linguagem, as visões de mundo.”

Cavi Borges, diretor do longa Cidade de Deus – 10 anos depois com Luciano Vidigal, também esteve presente na abertura e falou sobre o filme e sobre a oficina Como realizar um filme com baixo orçamento que vai ministrar. “Eram 200 atores, mas só encontramos 58 deles. Acabamos trabalhando com 15, aqueles que tiveram suas vidas realmente transformadas com o filme”, explicou.  Na oficina, Cavi vai abordar os processos de produção, distribuição e exibição. “A forma convencional do mercado não serve pra quem estar começando, é mais pra quem está estabelecido. A ideia da oficina é ajudar a pensar em como realizar filmes sem ficar preso a editais, através é redes colaborativas, crowndfunding, entre outros recursos”.

O festival tem patrocínio da OI, do Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro. O 8° Festival Visões Periféricas acontece até domingo, dia 17 de agosto com exibições no OI Futuro, em Ipanema, no Centro Cultural Justiça Federal, na Cinelândia, nas comunidades do Alemão, Borel e Cantagalo e ainda em sete cineclubes espalhados pelo Rio de Janeiro. A classificação etária de todos os filmes é livre e a entrada é franca.

Confira a programação completa no site do Festival http://www.visoesperifericas.org.br/2014.


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